Loja Mágica e Ilusão

terça-feira, 20 de julho de 2010

Fu Manchu

Tradução “Seleções Mágicas”

03/12/1974

“A ilusão é a alma da vida”

Primeiro artigo:
“A magia está de luto, Fu Manchu está morto”.

19 de agosto de 1974
Quando há apenas uma semana visitei Fu Manchu em seu Bazar Mágico na rua Rio Bomba 143 em Buenos Aires não podia imaginar que estava presenciando as últimas horas de vida de um dos artistas mágicos mais geniais do mundo, um verdadeiro colosso do ilusionismo teatral do século XX.
Ali, atrás de seu pequeno mostrador, de onde uma montanha de caixas que chegaram desde os mais longínquos confins da Terra, agora há pouco começaram a serem abertos; onde um moderno gravador “a cassete” deixava escapar a voz do Mago Cordobés “Vernet”, um dos mais diletos discípulos de Fu, e o eterno cigarrinho de bujaba no ar, seus caprichosos rabiscos azuis, ali estava ele sorrindo-me com essa cara de bonachão e chamando-me de “Piuman” e de “Keller”, de “Professor Odronoff” e de “Yukito”, seu jovem e talentoso herdeiro em magia, e mostrando-me os últimos jogos recebidos. Ali estava, sem que nada o superasse, pronto a apagar a Mágica de tocha que iluminava a dinastia Bamberg através de quase três séculos de encantada existência.
“Por má fortuna esta dinastia que começou com um David Bamberg e termina com outro David Bamberg. Meu filho vive nos Estados Unidos e é professor. Esta longa herança termina em mim. Não só na magia senão também no Teatro a nossa tem sido a Dinastia mais longa. Foram sete gerações de artistas...”
Assim, com essas palavras carregadas de nostalgia Fu havia respondido ao jornalista Rodolfo E. Braceli, da Revista “Gente”, antes uma pergunta que este lhe formulara na noite de 22 de novembro de 1971, quando um grupo de amigos se reuniram no Café Concerto “La Trampa del Diablo” para festejar os 60 anos com a magia do supremo criador da rotina “Papel-Papel”.
Nessa ocasião, Fu Manchu atuou para seus amigos e contou para o jornal o sucedido naquela noite em que em um cenário de Nova York apresentou pela primeira vez em público um truque de magia, ante o olhar experiente de seu pai, o inesquecível “Okito”, e a de outra jóia da magia mundial: Harry Houdini.
A multifacética personalidade artística de Fu Manchu o levou também a fazer parte do cinema, criar e reformar seus próprios jogos e efeitos, e a escrever suas memórias e deixar nelas o seu segredo, antes zelosamente guardados para todo esse incrível rosário de magos que integraram a dinastia Bamberg. Suas memórias, escritas em inglês (Seu idioma natal) recentemente foram visto a luz de seus primeiros livros, já que os restantes estão em impressão.
Quem não viu atuar esse supremo expoente do reino das artes não poderá ter nunca uma idéia de seu incrível virtuosismo sem o embargo da opinião e comentários de alguns de seus colegas, assim podemos formar uma pálida imagem.
A Revista do 2° Congresso Mágico Argentino de 1962 nos diz:
“Falar de Fu Manchu é falar de um homem que nasceu com a missão de ser Mago sabendo cumprir a mesma de forma brilhante.
Fu Manchu soube imprimir o toque preciso na magia, a qual deve praticar de acordo com a época em que se vive, e mais até, supor reunir suas exímias condições de ator teatral e cinematográfico, e de autor e diretor de suas obras e criar um novo estilo, uma nova escola para ser mais exato, dentro da magia teatral contemporânea, modalidade esta que lhe valeu seus últimos anos o glamoroso êxito de suas obras: “A poltrona da morte” e “A filha de Satã” batendo recordes de bilheteria nos teatros onde foram apresentados, sublinhando seus êxitos, nos presentes dias com seu novo espetáculo que vem oferecendo no Teatro Avenida, denominado: “Embrujos de Fu Manchu”.
Por sua parte Arturo de Ascanio. O talentoso prestidigitador espanhol e autor do livro: “Navajos y Daltonismo”, disse que Fu Manchu é a sublimação da magia cerebral como espetáculo teatral.
Fu Manchu, com exceção da Austrália percorreu todo o globo terrestre e para orgulho dos argentinos, que também tiveram o privilégio de vê-lo estrear como Mago Chino, uma longínqua noite no já desaparecido Teatro San Martín, na rua Esmeralda, ancorou para sempre em Buenos Aires onde sua Escola de Magia produziu uma leva de artistas dos mais distantes cenários do planeta que entre dados e panos; coelhos e pombos, tiraram de suas cartolas uma delicada e perfumada flor para depositar nas dormidas mãos do inesquecível e exímio maestro.

Querido amigo! Descanse em paz.

Carlos A. Rodrigo

Tradução do original Argentino por: Robson Campos de Abreu

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